10/11/2006

"Espirrou, é viral"

Recebi esse texto hoje por e-mail. Vale a pena ler até o fim, pois resume muito sentimento espalhado por aí. "Não existe nada mais viral no Brasil do que a palavra viral. É um tal de “quero um viral pra cá” e “vi um pra lá” sem fim. Incrível. Esses dias, almoçando no restaurante América, a caminho de uma reunião para falar sobre adivinhem-o-quê, presenciei uma conversa que me fez parar alguns minutos para escrever esse texto. Na mesa ao lado, haviam 4 homens, aparentemente vestidos como manda o estereotipo dos contadores ou bancários, falando sobre os “últimos virais” que eles haviam recebido. É, o viral chegou no mainstream em grande estilo. É justamente por isso que não culpo clientes e agencias quando escuto a pergunta mágica “queria fazer um viralzinho para o meu produto, tem como?”. A palavra está na boca do povo. Ou melhor, na cabeça do consumidor. O You Tube, todos os dias, joga pás transbordando de areia sobre a cova da MTV. Os blogs roubam status e audiência de revistas de grande circulação a um velocidade impressionante. Tudo isso sem terem o rabo preso com uma postura editorial político-econimicamente correta. É o fim do velho mundo. Não se trata apenas da Web 2.0. É o consumidor 2.0. Por incrível que pareça, o único lugar que o viral ainda não entrou é no bolso dos anunciantes. Ou melhor, não saiu dele. A imagem idealizada do viral por algum motivo não inclui verba. Tem que ser caseiro e é só mandar para meia dúzia de amigos e pronto. Nada se comenta sobre como distribuir esse material na web de forma profissional. Desconhece-se, no Brasil, por exemplo, que existem produções de vídeos digitais (famigeradamente conhecidos como “vídeos virais”) na Inglaterra que custam até 950 mil reais. E, claro, geram retornos muito satisfatórios em todos os sentidos. Para o Brasil é uma questão de tempo. Uma questão viral. Para quem se arrisca a produzir virais hoje no Brasil, tenho uma dica. Arrisquem mesmo. Insiram cabeças de coelhos em pessoas fazendo sexo (ok, esse, apesar da verba, eu achei meio fraco e apelativo). Colem adesivos nos banheiros de grandes premiações e comprem espaço editorial em sites. Finjam que consumidores apaixonados reproduzem chocolates gigantes. Usem Ronaldinhos, mulheres bonitas, monstros e colem monitores nas paredes. Não caiam em estereótipos de que para ser viral tem que ser violento, chocante ou usar a máxima do “sex sells”. O poder é o das idéias. E a boa notícia é que quem decide se a idéia é boa, não é mais o seu Diretor de Criação ou o seu cliente. Vocês sabem quem decide, não? Acabou a hipocresia dos “Golden Years of Advertising”. O consumidor está entediado. Não agüenta mais as velhas fórmulas. Ele quer entretenimento e conteúdo. Por isso, exploda com tudo. Quebre as regras. Foda com os formatos. Faça o inédito e o retorno aparece como mágica. Ou simplesmente fique parado, envelheça ou continue esperando sentado até que o seu cliente lhe venha com a pergunta mágica. O dia vai chegar. A essas alturas você deve estar se perguntando quem escreveu esse texto. Será que conheço? Será que é um gênio do viral no Brasil? Será que realmente essa pessoa acha que sabe do que está falando? Será? Não adianta insistir. Não vou revelar. Esse texto não vai ser assinado. Quero daqui a pouco recebê-lo como se tivesse sido escrito por algum ilustre autor. Luiz Fernando Veríssimo, talvez. Logo ele que escreve sobre bundas e relacionamentos, e volta e meia recebo um texto dele sobre o PCC. Quem sabe não chega como Arnaldo Jabor? Eu prefiro. Agora, uma última dica. Se alguém espirrar, cuidado, poder ser viral. Texto de _____________________________ P.S.1: Eu podia muito bem mandar esse artigo para que alguma revista especializada publicasse, mas propositalmente o estou enviando por email para poucos amigos na esperança de que se torne viral. P.S.2: Só nesse texto a palavra viral aparece em, no mínimo, 18 momentos. P.S.3: Se você quiser “fazer um viralzinho”, foder com formatos antigos ou publicar esse texto em alguma revista sem ser processado, envie um email para o nosso Coletivo através do endereço euqueroumviralzinho@yahoo.com"

2 Comentários:

Blogger Figueira disse...

Opa, tema legal !!!
Vou aproveitar pra compartilhar da discussão e colocar um link pra um pensamento que escrevi no meu blog.
bjs.
http://ricfigueira.blogspot.com/2006/09/cuidado-com-epidemia-dos-conceitos.html

15/10/06 00:40  
Anonymous Anônimo disse...

Olá, Rapha!
Tudo jóia? Achei hoje o seu blog. Depois, bisbilhotando o SlideShare (já conferiu?), vi uma apresentação que tem tudo a ver com esse seu post. Dá um olhada: http://slideshare.net/uriba/getting-through-communication-network-communities-marketing/
Bjs!
Ilka

31/10/06 20:00  

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